Em 1709, entre as várias embarcações fundeadas no Rio de Janeiro, estava a nau “Nossa Senhora da Boa Viagem”. Seu estado era lastimável. O piloto dessa nau, Francisco Homem del Rei, ao abandoná-la, retirou a pequena imagem, padroeira da nau, e, com a devida licença, pôs-se em marcha para Minas, que era, então, a Meca dos portugueses. Fixou-se primeiramente em Itaubira do Campo (atual Itabirito), vindo posteriormente a estabelecer-se com um curral em terras da sesmaria de Borba Gato.
Em 1716, requereu ele ao bispo do Rio de Janeiro, Frei Francisco de São Jerônimo, licença para o vigário de Sabará poder celebrar na capela de pau, coberta de palha, que erguera na vizinhança de sua morada. Em vista da demora, nova petição dirigiu diretamente ao rei, quando algumas casinholas marcavam o início do povoado, no Curral del Rei. Quando chegou a licença, já era outra a capela, mais espaçosa e mais decente. (Augusto de Lima Júnior, Revista de História e Arte, nº 6). Já o historiador de Belo Horizonte, Abílio Barreto, dá o sertanista João Leite da Silva Ortiz, como o fundador do arraial do Curral del Rei.
“Logo depois de fundada a fazenda do Cercado, foi surgindo o povoado, ao qual os habitantes deram o nome de Curral del Rei” (Abílio Barreto, Memória Histórica e Descritiva, pág. 48). A verdade é que, no mesmo ano em que foi concedida a sesmaria do Cercado (1711), já o arraial do Curral del Rei era mencionado em várias outras sesmarias; na de Joseph Ribeiro, lê-se: “um sítio defronte do Curral del Rei…” (em 17-1-1711, Rev. A.P.M., X, 902); na do Pe. Manoel de Matos Cerqueira: “…sito no ribeirão que vem do Curral del Rei…” (em 5-3-1711, Rev. A.P.M., X, 929); na de Clemente Pereira de Azevedo Coutinho: “em matas virgens, no pé do Tombadouro, da parte do Curral del Rei (em 8-4-1711, Rev. A.P.M.,X, 944).
A paróquia de N. Sra- da Boa Viagem do Curral del Rei, segundo Cônego R. Trindade, foi criada em 1748, por provisão episcopal, e tornada colativa, por alvará de 16 de janeiro de 1752. Abílio Barreto cita documento de 1718, no qual se menciona a freguesia do Curral del Rei; foi possivelmente instituída de fato por algum dos visitadores. Aliás, no “Livro de Lotação das Freguesias deste Bispado de Mariana” (Arquivo Eclesiástico de Mariana), lê-se: com relação a Curral del Rei: “freguesia erigida pelo Bispo em 1748, confirmada de natureza colativa, em 1750”.
O decreto nº 36, de 12 de abril de 1890, mudou a denominação de Curral del Rei para Belo Horizonte, “conforme foi requerido pelos habitantes da mesma freguesia”. Mudança da capital — Antiga era a aspiração da mudança da capital. Mas em Ouro Preto, poucos tinham coragem de manifestar esta opinião. Após a proclamação da República, foi Augusto de Lima nomeado Governador do Estado. Sua nomeação representava a vitória da ideia mudancista. Com poderes discricionários, redigiu o decreto, com longas considerações, transferindo a capital para Belo Horizonte.
Ouvindo, porém, Afonso Pena, este sugeriu que, dada a proximidade da data da reunião do Congresso Mineiro, fosse a este transferida a decisão. Foi das mais violentas a campanha desfechada contra Augusto de Lima. Submetida a mensagem ao Congresso Mineiro, teve este que transferir-se para Barbacena, longe de ameaças e das arruaças de Ouro Preto.
A 15 de junho de 1891, era promulgada a Constituição Mineira, da qual constava o dispositivo sobre a mudança da capital para local que oferecesse condições higiênicas e se prestasse à construção de uma grande cidade. Em seguida, o Congresso Mineiro aprovou a lei n° 1, adicional à Constituição, indicando as localidades que deveriam ser estudadas para a transferência da capital: Belo Horizonte, Paraúna, Barbacena, Várzea do Marçal e Juiz de Fora. Feitos os estudos por comissão presidida por Aarão Reis, terminava o parecer mostrando a dificuldade de escolha entre Belo Horizonte e Várzea do Marçal, opinando, afinal, por esta última localidade, por haver ali maior extensão de terrenos devolutos que Belo Horizonte. Afinal, o Congresso Mineiro, reunido em Barbacena, promulgou a lei nº 3, adicional à Constituição (17 de dezembro de 1893), indicando Belo Horizonte. Foi confiada ao engenheiro Aarão Reis a construção.
A 12 de dezembro de 1897, era inaugurada a nova capital, em meio a ruidosos festejos. Nesse dia, o Presidente do Estado, Crispim Jaques Bias Fortes, assinou o decreto n° 1, declarando instalada a Cidade de Minas, e para ela transferida a sede dos poderes públicos do Estado de Minas Gerais. Mais tarde, a lei nº 302, de 1° de julho de 1901, mudou a denominação da Cidade de Minas para Belo Horizonte. A diocese de Belo Horizonte foi criada a 11 de fevereiro de 1921, por Bento XV, sendo nomeado D. Antônio dos Santos Cabral seu primeiro bispo. Pela bula de 19 de fevereiro de 1924, Pio XI criou o Arcebispado de Belo Horizonte, com as dioceses sufragâneas de Uberaba, Guaxupé e Aterrado (hoje Luz). Belo Horizonte, segundo estimativa do Conselho Regional de Estatística, apresenta, em 1967, uma população de um milhão de habitantes, colocando-se, desta forma, em 39 lugar, entre as grandes cidades do Brasil.
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