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Pitangui

Pitangui, uma de nossas primeiras vilas do ouro, teve início mais ou menos semelhante ao dos demais arraiais auríferos, elevados à categoria de vila. Os primeiros paulistas que construiram o arraial, gente atrevida, valente, destemida, possuindo aquela bravura que caracterizava os homens que desbravaram nosso sertão, deram ao arraial, entretanto, uma particularidade que o distinguia dos demais: isolaram-se em Pitangui, e não permitiam que os naturais do Reino lhes invadissem as minas. Esses paulistas haviam sofrido, antes, duramente a prepotência dos emboabas. 

E, tendo encontrado ouro em abundância, não desejavam, muito naturalmente, que aí se repetissem os sangrentos episódios dos emboabas. Existe curioso documento que nos explica o fato, como também nos esclarece sobre os conflitos que, depois, aí se verificaram. E uma carta do governador D. Brás Baltasar da Silveira, escrita em São Paulo, a 19 de setembro de 1713:

“Senhor. Vendo os moradores desta cidade que os reinóis nos últimos levantamentos os haviam lançado violentamente das Minas, e despojado dos bens que nelas tinham, tomaram a resolução de procurar outros sertões em que continuassem os seus descobrimentos, e chegando até o sítio chamado Pitangui ou Pará, começaram a descobrir ali algum ouro, e, continuando nesta diligência, a que os obrigava a sua necessidade, acharam cada vez mais bem logrado o seu trabalho, com a abundância de ouro que foram descobrindo, e, receosos de que, com a entrada de reinóis, experimentassem o mesmo dano que receberam nas primeiras, publicaram que não haviam de consentir nela os ditos reinóis, porém, depois da minha chegada a esta cidade, me segurando os homens principais dela que eles se acomodariam com o que eu resolvesse, neste particular, e reconhecendo que a verdadeira segurança destes governos compostos de paulistas e reinóis é a união de uns e outros, a qual se não pode fazer senão associando-os e, nesta sociedade, administrar-lhes a justiça, determino procurar quanto me for possível acomodá-los para que se utilizem todos e vivam Com sossego…” .

A verdade, porém, é que D. Brás não conseguiu acomodá-los: os seguidos conflitos, que deram a Pitangui a fama de “vila turbulenta”, bem mostram que a animosidade entre paulistas e reinóis perdurou ainda por muitos anos. Quanto à data do descobrimento das minas de Pitangui, Sílvio Gabriel Diniz admite se tenha verificado em 1710 ou 1711.

A criação da vila: Com relação à criação da vila de Pitangui, nenhum documento se conhece, nos arquivos de Minas, a não ser a carta do mesmo D. Brás Baltasar, datada de primeira capital de Minas, Ribeirão do Carmo, de 6 de fevereiro de 1715: “Representando-me segunda vez os paulistas a necessidade que tinham de que o arraial de Pitangui fosse erigido em vila, não só para o bom regime daqueles morada res… parece conveniente que vm. vá fazer a dita ereção…” (Rev. A. P.M., II, 90).

E porque não temos o auto da ereção da vila? Simplesmente porque, no Arquivo Público Mineiro, sem dúvida um dos maiores repositórios de documentos da História do Brasil e de Minas, o zelo pela conservação dos documentos é tal que, no Códice 6 (secção colonial), onde se encontram os autos de ereção das primeiras vilas do ouro e das posteriores a 1715, quatro folhas foram arrancadas: as de no 28, 29, 30 e 31… Há, nesse códice, um salto da fô lha 27 para a folha 32. 

Desta forma, desapareceram os autos referentes à vila de Pitangui, bem como à de São João del Rei. Como sabemos, então, que a vila foi instalada a 9 de junho de 1715? Porque Azevedo Marques, nos “Apontamentos Históricos, Geográficos, Biográficos, Estatísticos e Noticiosos da Província de São Paulo”, transcreve uma carta patente de mestre de campo de Antônio Pires de Asila, que havia sido sargento-mor no distrito de Pitangui, provido a 27 de dezembro de 1713, o qual tendo agido com notória satisfação, fora nomeado para o cargo de superintendente das minas de Pitangui. 

E a mesma carta patente, nas suas referências ao novo mestre de campo, continua assim: “Em 9 de junho de 1715, com ordem do governador e capitão-general, e comissão do ouvidor-geral, Luís Botelho de Queirós, levantou a vila no distrito de Pitangui, dando-lhe o nome de vila de Nossa Senhora da Piedade” (Rev. A.P.M., II, 91). 

Em 1746, numa lista encontrada no Arquivo Ultramarino, pelo sr. Augusto de Lima Júnior, lista secreta que continha os nomes dos homens mais abastados da capitania (mencionada várias vezes, neste trabalho), figuram os seguintes nomes do termo de Pitangui: Gabriel Rodrigues Tavares, Luís de Castilho, José Baltasar da Rocha, João Veloso Ferreira, João Ribeiro Guimarães, cap. Miguel de Farias Sodré, Miguel de Bastos da Costa, cap. Miguel de Faria Morato, cap. Manoel da Mota Bote-lho, Alferes Manoel Pereira de Crasto, cap. Manoel da Silva de Carvalho, Manoel Mendes da Silva, Antônio Ferreira da Silva, cap. Antônio Rodrigues Velho, Antônio Ferreira Gaueiro, João Vieira Chaves, José de Oliveira Portela, João Pereira da Costa, João Antônio da Silva, todos mineiros; e Pascoal dos Santos, João Pacheco Ferreira, Domingos Francisco Rodrigues e Domingos Marques Guimarães, negociantes. 

A paróquia — Nenhum elemento fornecem nossos arquivos sobre o primeiro vigário de Pitangui. Cônego Trindade, em “Arquidiocese de Mariana”, 19 vol., registra apenas: “Era certamente paróquia, quando, em 1715, foi criada a vila”. Entretanto, o dr. Sílvio Gabriel Diniz descobriu interessante documento: numa Junta realizada na vila de Ribeirão do Carmo, em 1715, com a presença de Procuradores das Câmaras, Ouvidores-Gerais, Vigários da vara, encontra-se, entre as assinaturas, a seguinte: “João Vaz Teixeira, vigário de Pitangui”. É o primeiro nome de vigário que aparece, em Pitangui. 

Em 1724, foi a paróquia declarada colativa; e teve como primeiro vigário colado Pe. Luís Damião que, segundo informação do Cônego Trindade, regeu a paróquia por mais de trinta anos, transferindo-se, depois, para Paraíba do Sul. Metrópole de vasta região: Pitangui foi, durante muito tempo, a metrópole, o centro urbano, de onde partiram os desbravadores de nosso sertão, e onde se abasteciam do essencial os primeiros moradores dês-se mesmo sertão. A medida que novas explorações se faziam, à proporção que novos povoados iam surgindo, mais crescia em extensão o município de Pitangui. Em meados do século passado, abrangia esse município uma imensidão de terras: Confusão, Tiros, Morada Nova, Marmela-da, Dores do Indaiá, Bom Despacho, Abadia, Saúde, Buriti da Estrada, Maravilhas, Onça, São Gonçalo do Pará, Espírito Santo da Itapecerica, Pequi, Patafufo, Santana do São João Acima, Santo Antônio do São João Acima, Mateus Leme, Cajuru. 

Convém salientar, porém, que, à medida que os povoados iam surgindo, ampliando cada vez mais o município de Pitangui, este não se portava como padastro, ao contrário, mostrava desvê-lo e interesse pelos arraiais. Assim é que, a 13 de outubro de 1823, partia de Pitangui um brado de protesto, pelo fato de não haver ainda o governo criado uma escola de primeiras letras no arraialzinho das Dores. E, a 27 de abril de 1833, de conformidade com o Regulamento da Administração Geral dos Correios, criava a Câmara de Pitangui agência postal nos mais importantes arraiais do município, colocando um agente postal em cada um deles: Dores, Onça, Patafufo, Santo Antônio do Rio São João Acima, Santana do São João Acima, São Gonçalo do Pará, Espírito Santo da Itapecerica, Saúde, Abadia, Bom Despacho do Picão, Espírito Santo do Indaiá. 

Convém salientar ainda que, ao contrário de outras Câmaras que se batiam tenazmente contra o desmembramento de seu município, foi a Câmara de Pitangui que tomou a iniciativa de, em ofício de 27 de janeiro de 1845, dirigir-se à Assembléia Provincial, pedindo a elevação do arraial de Dores a vila. O ofício tinha a assinatura do Presidente, João de Freitas Mourão, bem como dos demais vereadores. Quando esta notícia transpirou, surgiu um grande movimento em Abaeté, no sentido de ser este o arraial elevado à categoria de vila. A vila de Pitangui foi elevada à categoria de cidade pela lei nº 731, de 16 de maio de 1855. Pitangui e a guerra do Paraguai: Pitangui não foi apenas o centro dispersor de bandeiras a explorar o sertão desconhecido e “deserto”, como então se dizia; não apenas o centro comercial, onde os primeiros moradores do sertão vinham abastecer-se; não apenas a metrópole de uma vasta região do Alto São Francisco; Pitangui foi também, e acima de tudo, um centro educador, um grande centro de civismo, onde cidadãos aprendiam a amar a Pátria. 

Quando se comemora o centenário da guerra da Tríplice Aliança, sem qualquer espírito de animosidade para com o país vizinho, mas tão somente com a preocupação de salientar para as gerações atuais o patriotismo, o heroísmo da geração de um século atrás, é justo relembrar que Pitangui foi o grande centro de onde partiu o grito de alerta, chamando às armas os moços de 1865, em desagravo à honra ultrajada do Brasil. Nos demais municípios da Província, organizaram-se comissões patrióticas, para o fim de promover o alistamento de voluntários. Mas, em Pitangui, para o mesmo fim, foi fundada, em princípios de 1865, a sociedade “Amor da Pátria”. E seu Presidente, Dr. Francisco Augusto Álvares da Silva, e o tesoureiro, Pedro de Azevedo Souza Filho, desdobraram-se em esforços, trabalharam de verdade, no sentido de elevar bem alto o número de voluntários da Pátria. E no dia 27 de março de 1865, partia de Guardas o primeiro contingente de voluntários do município, sendo 52 de Pitangui, 18 de Bom Despacho, 10 de Pará, 8 de Cajuru, mais um grupo de Itaúna, cujo número não conseguimos fixar. 

O mais curioso é que os 52 primeiros voluntários de Pitangui dirigiram ao Presidente da Província um pedido, com assinatura de todos eles, no sentido de lhes ser permitido seguir diretamente para a Côrte, pois desejavam ardentemente entrar imediatamente em luta. Há, no meio desse primeiro contingente, nomes conhecidos, como José Bahia da Rocha e Inácio Joaquim Bahia da Cunha, ambos filhos do major Manoel Bahia da Rocha; João Soares de Freitas Mourão, filho do velho João de Freitas Mourão; e Antônio da Silva Barbosa, Faustino Rodrigues Zica etc. No dia 29 de junho de 1865, seguiu de Pitangui o segundo contingente, constituído de 73 guardas nacionais designados e voluntários. Sob o comando do capitão José de Deus Álvares da Silva, dirigiu-se ao ponto de concentração, que era Formiga. José de Deus Álvares da Silva, da Guarda Nacional, deveria fazer entrega de seus homens e regressar a Pitangui. 

Entretanto, o comandante em Formiga, Major João Carlos Correia Lemos, do Exército, percebendo não só o valor daquele homem, como o respeito e a amizade com que o tratavam os guardas de Pitangui, não permitiu seu regresso e, ao Presidente da Província, pediu a aprovação de seu ato. O capitão José de Deus Alvares da Silva, comandando a Companhia de Guardas Nacionais de Pitangui, partiu a 22 de agosto, com destino ao Rio de Janeiro, onde se constituiu a 2º Brigada Mineira que, sob aclamações do povo e das autoridades, seguiu para os campos de batalha. Pitangui não foi o município que mais voluntários forneceu para a guerra; mas, certamente, está incluído entre os que contribuíram com maiores contingentes.

Hotéis
Atrativos
Alimentação
Cuidados
Receptivo
Serviços
Hotéis

Pousada Monsenhor Vicente

Endereço: Praça Pres. Getúlio Vargas, 12 – Centro, Pitangui – MG
Telefone: (37) 3271-4949
www.pousadamonsenhorvicente.com.br

Atrativos

Instituto Histórico de Pitangui 

Endereço: Rua José Gonçalves, 41 – Centro
Centro Histórico de Pitangui – MG
Telefone: (37) 3271-3756 https://ihpitangui.com.br/

Alimentação
Restaurante Varandão

Endereço: R. Raimundo Caricati, 126 – Centro, Pitangui – MG
Telefone: (37) 3271-2964
Cuidados

• O atrativo de referencia em Pitangui é a Igreja de Nossa Senhora da Penha, onde se pega a rua Dos Lava Pés. No final da rua pega-se uma trilha a esquerda (sinalizada) onde não se passa com carro. Pode ser caminhando. A trilha sairá do outro lado na rodovia 352 Gustavo Capanema. Daí não se pode fazer a trilha original por ser em propriedade particular. Segue-se dando uma volta pelo asfalto, para a Estação Velho do Taipa > Leandro Ferreira.

Receptivo
Serviços

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