Sabarabuçu foi o nome encantado, que atraiu tanta gente à procura de prata. Foi o Eldorado famoso, que povoou de sonhos a cabeça de bandeirantes audazes. Quando a bandeira de Fernão Dias Pais perlustrava os sertões de Minas Gerais, criaram-se feitorias, com plantações, onde a leva de gente encontrava alimento. Dessas feitorias, apenas duas criaram raízes mais duradouras: Roça Grande e Sumidouro. Roça Grande tornou-se arraial e, aí, Borba Gato fazia pião, nas suas andanças pelo sertão.
Em 28 de agosto de 1682, verificou-se o conflito, de que resultou o assassínio de D. Rodrigo de Castelo Branco. Borba Gato embrenhou-se pelo sertão a dentro, onde se escondeu por cerca de 18 anos, mantendo, entretanto, contato com a família, em São Paulo. Encontrou o ouro. Não foi encontrada a prata, mas ouro em abundância surgiu no legendário rio das Velhas. E, afinal, por ocasião da vinda do governador Artur de Sá e Menezes, o manifesto do ouro é trocado pelo perdão. Não só o perdão. Foi feito Tenente-General e Superintendente das Minas do rio das Velhas (9 de junho de 1702).
Nessa época, já o arraial de Sabará, surgido próximo a Roça Grande, era o mais populoso das Minas Gerais. Alguns de nossos primeiros historiadores incorreram em erro, ao atribuir a Borba Gato a fundação de Sabará; é que ele residia no arraial de Roça Grande, foi dos primeiros a descobrir ouro no rio das Velhas. Daí a confusão. Tão logo correu a notícia do ouro no famoso rio, provavelmente antes do manifesto do Borba, paulistas e entrantes de origem várias, aí se fixaram.
Já em 1701, era erigida a paróquia, pelo Bispo do Rio de Janeiro, D. Frei Francisco de São Jerônimo, paróquia que foi elevada à categoria de colativa, pelo alvará de 16 de fevereiro de 1724 (Cônego R. Trindade, ob. cit.).
Quando o governador Antônio de Albuquerque veio às Minas, em 1711, criou nossas três primeiras vilas: a do Ribeirão do Carmo (Mariana), a 8 de abril; a de Vila Rica, a 8 de julho; e a terceira, a 16 de julho de 1711, “… neste arraial e Barra de Sabará… presentes em uma Junta… as pessoas e moradores do dito arraial e distrito dele, e do Rio das Velhas… que tinha determinado levantar uma povoação e vila neste dito distrito e arraial, que compreendesse os arraiais sobreditos, por ser o sítio mais capaz e cômodo para ela… e desejavam que esta nova vila se intitulasse Vila Real de N. Sra da Conceição, por ser a Padroeira da sua Paróquia” (Efemérides Mineiras, vol. III). E a vila prosperava. Era o grande centro comercial entre as minas do ouro e a Bahia. O seu termo abrangia extensão imensa, e compreendia um sem número de arraiais: Pompéu, Lapa, Raposos, Roça Grande, Congonhas, Rio das Pedras, São Vicente, Curral del Rei, Abóboras, Paraopeba etc.
Em 1714, são criadas as 3 primeiras comarcas e, entre elas, a de Sabará. Sua extensão era enorme, pois limitava-se com a Bahia, com Pernambuco, com Goiás, com Espírito Santo, com Rio de Janeiro.
O então arraial de Dores do Indaiá, que pertencia ao bispado de Pernambuco, era parte da comarca de Sabará. Quando em 1809, as terras junto ao Córrego de Nossa Senhora, foram doadas ao patrimônio da igreja, o zelador requereu fossem levadas à praça. Em praça estiveram até 1815, quando Mariano Ferreira do Amaral, a cavalo, foi de Dores do Indaiá, a Sabará, sede da Comarca, e ali as arrematou com o lance de 300 réis acima da avaliação, que era de 450 mil réis, importância que pagou em prestações anuais. Quando em 1822, chega da Bahia um abaixo-assinado, encabeçado por Miguel Calmon du Pin e Almeida, pedindo auxílio dos mineiros para as lutas contra o general Madeira, o “Nero Baiense”, Sabará contribuiu com a significativa importância de dois contos e duzentos mil réis. Não só. Voluntários de lá seguiram para a Bahia, a fim de lutar pela independência do Brasil. Já antes havia dado sua contribuição para as lutas contra os franceses, no Rio, em 1711. Na revolução liberal de 1842, foi importante o papel de Sabará, pois que foi teatro de resistência e de luta sangrenta. Na guerra contra o ditador do Paraguai, Sabará contribuiu de maneira brilhante: a 22 de fevereiro de 1865, seguiu para a capital a primeira leva de voluntários da Pátria, em número de 25; em seguida, mais 4; em março, mais 16; no dia 6 de maio, mais 25, assim por diante; o fato é que, com a 19 Brigada Mineira, que tantas páginas gloriosas escreveu na história de nossa terra, estavam 84 jovens, filhos de Sabará. Tudo natural. Centro onde se cultivaram sempre as mais belas tradições mineiras, não podia deixar de ser, como sempre foi e é, escola de civismo. Terra de inteligência e de cultura, ali amanheceu cedo a imprensa escrita. Em 1832, circulou o “Atleta Sabarense”, de gloriosas memórias. No mesmo ano, circulou “O Vigilante”. Outros periódicos se seguiram, uns de vida efêmera, outros que tiveram bastante repercussão: A Miscelânea, O Diabo Coxo (1834-1835), O Espelho da Verdade (1834-1836), O Estafeta etc. Sabará, com suas igrejas, constitui verdadeiro relicário, de extraordinário encantamento.
A mais importante delas é a Igreja Grande, a matriz de N. Sra da Conceição; sobre ela escreveu o historiador Augusto de Lima Júnior: “A riqueza decorativa e simbólica dos retábulos dessa igreja ilustre compõe-se de um conjunto de temas do período gótico-siríaco, numa profusão e arrumação de grandes efeitos estéticos e edificantes”. A igreja da Senhora do ó é das “mais belas capelas setecentistas mineiras, verdadeira jóia de ouro e cores”, nas palavras de Paulo Kruger Correia Mourão. A de N. Sra do Carmo, magnífico exemplar de arte do período colonial, com imponente fachada, exuberantemente ornamentada, e estupendas obras interiores (inclusive de Aleijadinho), constitui verdadeiro deslumbramento. Mas Sabará, além das igrejas, tem seus chafarizes, que merecem ser vistos; e tem seu Museu do Ouro. E tem a alma de Minas Gerais, relicário de nossas mais caras tradições. Sabará foi elevada à categoria de cidade, pela lei nº 93, de 6 de março de 1838.
SABARABUÇU — O nome Sabarabuçu aparece em várias sesmarias concedidas em 1711. “Foram conhecidas por Minas do Sabarabuçu, que se diz — Sabará das Minas Gerais” (Pedro Taques, Nobiliarquia Paulistana, in Hist. Antiga de Minas Gerais, pág. 171). “Sabarabuçu que val o mesmo que cousa felpuda e é uma serra de altura desmarcada que está vizinha do Sumidouro, a qual chamam todos hoje Comarca do Sabará” (Cláudio Manoel da Costa, Fundamento Histórico).
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